Osteoartrose
Introdução
De acordo com o Colégio Americano de
Reumatologia (ACR), a artrose é um grupo de diversos fatores que
levam a sintomas e sinais articulares que estão associados a defeitos da
integridade da cartilagem articular, além de modificações no osso subjacente e
nas margens articulares.
A doença deixou de ser
considerada uma condição meramente degenerativa, passando a ser encarada como
um estado de insuficiência osteocartilaginosa, no qual há intensa atividade
metabólica da cartilagem. O tratamento passou a incluir além das terapias não
farmacológicas e do uso de analgésicos e antiinflamatórios, novas abordagens,
como as drogas condroprotetoras ou potencialmente modificadoras da doença
osteoartrósica (DMOAD) e a viscossuplementação.
Tabela 1:
Classificação da osteoartrose
Forma da osteoartrose
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Exemplos
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Primária localizada
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Mãos (nódulos de Heberden e Bouchard, acometimento da
primeira carpometacarpal (rizatrtrose), formas erosiva e inflamatória), pés
(primeira metatarsofalângica), quadril, joelho, coluna (articulações
interapofisárias, discos intervertebrais).
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Primária generalizada
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Osteoartrose nodal generalizada (doença de Kellegren),
osteoartrose nodal erosiva generalizada, hiperostose esquelética difusa
idiopática (DISH)
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Secundária localizada
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Lesão articular, deformidades adquiridas, osteonecrose,
artrite reumatóide, doenças por deposição de cristais (p.ex., gota),
condrocalcinose, artrite séptica, artropatia hemofílica, artropatia
neuropática, osteocondrite, doença de Paget.
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Secundária generalizada
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Hemocromatose, ocronose, acromegalia,
hiperparatireoidismo, doença de Wilson, gota, condrocalcinose, amiloidose,
doença de Ehlers-Danlos.
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Tratamento
Os objetivos do tratamento de um
paciente com osteoartrose devem incluir controle adequado da dor, melhora da
função e prevenção de incapacidade, evitando-se toxicidade pelo uso das
medicações. Deve-se avaliar o paciente regularmente, ajustando a terapia sempre
que necessário.
Entre as modalidades terapêuticas
disponíveis, incluem-se medidas gerais, como a educação do paciente e
orientações para perda ponderal, terapia medicamentosa, terapia física e
reabilitação, terapia ocupacional e cirurgias, quando indicadas.
Terapia Medicamentosa
A principal indicação da terapia
medicamentosa no tratamento da osteoartrose é o controle da dor. Outra
finalidade seria modificar a evolução da doença, embora nenhuma das medicações
disponíveis até o momento possa comprovadamente alterar a história natural da
osteoartrose. Podem-se utilizar as vias sistêmica (oral ou parenteral),
intra-articular e tópica.
Terapia Sistêmica
As medicações utilizadas por via
oral ou parenteral incluem analgésicos comuns, anti-inflamatórios não hormonais
(AINH), analgésicos opioides, agentes modificadores da estrutura do tecido
conectivo (CTSMA) e drogas potencialmente modificadoras da doença
osteoartrósica (DMOAD).
1. Analgésicos
Dor leve a moderada decorrente de
osteoartrose pode ser aliviada com a prescrição de analgésicos comuns, como o
paracetamol. Apesar de ser bem tolerado e considerado seguro para uso a longo
prazo, deve-se evitar o uso de doses acima de 4 g/dia e estar atento para
possíveis efeitos colaterais, como hepatotoxicidade, alteração da função renal
e interferência sobre a anticoagulação.
2. Anti-inflamatórios
não hormonais (AINH)
Os AINH são amplamente utilizados
para reduzir a dor e a inflamação, bem como melhorar a função em pacientes com
osteoartrose. Há uma ampla variedade de drogas disponíveis, sendo variáveis
suas habilidades de inibir a cicloxigenase (COX), enzima que catalisa a síntese
de endoperóxidos cíclicos do ácido araquidônico a prostaglandinas (PG). Alguns
anti-inflamatórios são potentes inibidores da síntese de PG, enquanto outros
afetam de maneira mais proeminente eventos biológicos não mediados pelas PG.
3. Analgésicos
opióides
Pacientes com sintomas dolorosos
mais intensos que não respondem aos analgésicos comuns ou AINH em doses
adequadas, ou que tenham contraindicações ao uso dos mesmos, requerem, algumas
vezes, a prescrição de analgésicos opioides.
O tramadol é um agonista opioide
sintético fraco que inibe a recaptação de norepinefrina e serotonina, sendo seu
uso crônico seguro e bem tolerado, com baixo potencial de dependência. A dose
diária não deve ultrapassar 400 mg, sendo os principais efeitos colaterais
náuseas, constipação, sonolência, cefaleia e xerostomia.
O uso de outros derivados
opioides, fracos (codeína) ou mais potentes (oxicodona, metadona, morfina), é
limitado pelo potencial de tolerância, dependência e ocorrência de efeitos
adversos.
4. Agentes
modificadores da estrutura do tecido conectivo (CTSMA) e drogas potencialmente
modificadoras da doença osteoartrósica (DMOAD).
Um dos objetivos do tratamento da
osteoartrose é reparar o dano articular ou ao menos reduzir sua progressão,
embora nenhuma terapia utilizada até o momento tenha demonstrado ser capaz de
alterar a história natural da doença.
Substâncias que supostamente
protegeriam a cartilagem durante o curso de doenças destrutivas articulares são
denominadas agentes condroprotetores. Quando isso ocorre in vivo em
articulações com osteoartrose, utiliza-se a denominação drogas modificadoras da
doença osteoartrósica (DMOAD). Agentes modificadores da estrutura do tecido
conectivo (CTSMA) são drogas capazes de modificar a estrutura dos tecidos
conectivos de maneira positiva, aumentando a síntese ou reduzindo a degradação
dos componentes da matriz extracelular, sobretudo colágeno e agrecano.
Entre as drogas que
potencialmente exercem essas funções, podemos citar glicosamina, condroitina,
cloroquina e diacereína.
Os agentes condroprotetores mais
utilizados em nosso meio são a glicosamina (1.500 mg/dia), associada ou não à
condroitina (1.200 mg/dia) e a diacereína (100 mg/dia). São drogas seguras e
bem toleradas. Embora diversos estudos tenham mostrado um efeito redutor da dor
a longo prazo e até mesmo um retardo da progressão radiográfica em relação ao
grupo controle, a relevância clínica desses achados requer maiores
investigações.
PREÇOS
GLUCOSAMINA 1.5G + CONDROITINA 1.2G - 30 ENVELOPES: R$ 70,00DIACEREINA 100MG - 30CÁPSULAS: R$ 49,00
Terapia Tópica
As terapias tópicas são utilizadas como adjuvantes da terapia sistêmica e eventualmente de maneira isolada. Incluem a prescrição de analgésicos e AINH tópicos, além de cremes de capsaicina. A resposta a estes tratamentos é bastante variável.
Terapias Alternativas ou Complementares
Assim como em outras doenças dolorosas crônicas, é muito comum que os pacientes com osteoartrose recorram ao uso de terapias alternativas ou complementares. Estudos populacionais sugerem que até 25% desses pacientes façam uso rotineiro e 70% uso esporádico de algumas dessas medidas, incluindo fitoterapia, dietoterapia, homeopatia, intervenções mentais-corpóreas, massoterapia, terapia eletromagnética e acupuntura, com resultados variáveis. Dentre essas terapias, a mais avaliada é a acupuntura, mas ainda faltam dados de estudos controlados e randomizados que dêem suporte a sua indicação rotineira.
Assim como em outras doenças dolorosas crônicas, é muito comum que os pacientes com osteoartrose recorram ao uso de terapias alternativas ou complementares. Estudos populacionais sugerem que até 25% desses pacientes façam uso rotineiro e 70% uso esporádico de algumas dessas medidas, incluindo fitoterapia, dietoterapia, homeopatia, intervenções mentais-corpóreas, massoterapia, terapia eletromagnética e acupuntura, com resultados variáveis. Dentre essas terapias, a mais avaliada é a acupuntura, mas ainda faltam dados de estudos controlados e randomizados que dêem suporte a sua indicação rotineira.
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